Monday, October 16, 2006

Portugal:Pessimismo e Pedofilia

São dois os principais problemas de Portugal: os poucos pessimistas profissionais, que passam a vida a contaminar o resto da população, e uma governação inadequada, ineficiente, ineficaz e fora de contacto com a realidade no país. Que Portugal e os portugueses têm inegáveis qualidades, não hajam dúvidas. Não é por nada que Portugal é um país independente e a Catalunha, a Bretanha, a Escócia e a Bavária o não são. Não é por nada que o português é a sétima língua mais falada no mundo, à frente do alemão, do francês e do italiano. No entanto, estas qualidades precisam de ser cultivadas por quem foi eleito para liderar e dirigir o país.
O que acontece é que nem agora, nem por muito tempo, Portugal tem tido líderes dignos do seu povo, capazes de liderar a nação, realizar os projectos que foram escolhidos para realizar. O resultado é uma onda de pessimismo, no meio dum mar de desemprego, desinteresse e desorientação que serve de combustível para a economia emocional não funcionar, aquela economia que é tão importante quanto a economia das quotas de oferta e procura.

A consequência é uma retracção não só da economia mas também do psique da sociedade, com uma introversão patológica a manifestar-se no escrutínio colectivo do umbigo nacional, ou um pouco mais abaixo. A não-história da pedofilia, já uma psicose nacional, é um belíssimo exemplo de até onde pode chegar uma sociedade quando nem é orientada nem estimulada a pensar em horizontes mais saudáveis.

Há mais que um ano, a imprensa portuguesa regurgita a história do abuso sexual de meninos do orfanato/escola Casa Pia, apontando nomes sonantes da vida pública que nem têm lugar aqui, visto que até ser provado ao contrário, uma pessoa numa sociedade civilizada, é considerado inocente.
Na busca de quem foi ou quem não foi, deu origem ao levantamento na praça pública duma lista substancial de nomes do mundo artístico, desportivo, e político, aos mais altos níveis. Não é a causa do pessimismo em Portugal, mas espelho dele. A noção que "nós não prestamos, somos os coitadinhos da Europa e a alta sociedade é podre" se ouvia nos finais dos anos 70, desapareceu e com a não governação do primeiro-ministro José Barroso, voltou.

Está tangível, quanto mais para um estrangeiro que ama e estuda este país há 25 anos. Outra manifestação deste pessimismo é a negatividade ao nível das conversas nos cafés (inaudíveis nos claustros de cristal onde pairam os governantes do país) acerca dum evento que a priori é a melhor hipótese que Portugal alguma vez tem tido para se projectar na comunidade internacional? O Euro 2004. O Euro 2004 é o ponto desportivo mais alto na história quase milenar de Portugal.
É um dos três mais vistos eventos televisivos no mundo e é uma excelente oportunidade de enterrar de vez a falácia que Portugal é uma província espanhola.
Mas o que é que acontece? Enquanto o resto da Europa se prepara com entusiasmo para o Campeonato da Europa em Futebol, se ouve em Portugal por todo o lado que os estádios não estão preparados, ou que não são seguros, ou que os aeroportos não estão adequados ou que vai haver problemas com hooliganismo ou com terrorismo. Disparate! Ou pior, uma vergonha, por quem perpetua este tipo de lixo que se chame notícias por aí.
Para começar, os estádios estão tão prontos que já se joga futebol neles.
Segundo, as normas de segurança têm de obedecer a rigorosíssimas normas de controlo estipuladas pela inflexível UEFA.
Terceiro: os aeroportos têm dos sistemas mais avançadas de controlo de tráfico aéreo, total e completamente integrados nos da União Europeia e mais, os adeptos não vão todos chegar no mesmo dia, nem todos de avião. Quarto: quando os bilhetes foram vendidos na Internet, foi consultada a base de dados proferida pelas forças policiais dos países presentes no Euro 2004. Quinto: Portugal é alguma vez um alvo para ataques terroristas, desde quando? Só se fossem as FP-25 de Abril.

Porém, onde estão as autoridades a explicarem a verdade, a estimular a população, a instilar o optimismo, não só para o Euro 2004 mas para galvanizar a economia, a liderar o país? Exactamente onde estiveram, estes ou outros, quando os interesses dos portugueses estavam a ser vendidos por um preço barato, o que levou gradualmente à situação actual em que uma família portuguesa gasta substancialmente mais do seu ordenado em necessidades básicas do que no resto da Europa. Não se admite que num supermercado espanhol, se encontram exactamente os mesmos produtos bem mais baratos do que em Portugal, não se admite que no Reino Unido o cesto básico de alimentos custa bastante menos, quando se ganha cinco, seis ou sete vezes mais. Há duas semanas, vi três restaurantes no centro de Londres com o cartaz "Comam o que quiserem por £5.45 - 9 Euros, ou um pouco menos. Os portugueses gastam uma fatia tão grande do seu ordenado em mantimentos fundamentais que não há capital disponível para os serviços, restringindo a economia a um modelo básico e muito primário. Se bem que Portugal é um país pequeno, também é a Bélgica, a Dinamarca, os Países Baixos, o Luxemburgo, a Suíça, a Irlanda. Estes países têm um plano de médio e longo prazo e nestes países ganham os lugares de destaque pessoas competentes e devidamente qualificadas e formadas.

Em Portugal, o plano é ganhar as próximas eleições, ponto final. O que acontece depois? Há uma onda laranja ou cor-de-rosa a varrer o país e ocupar todos os quadros altos e médios, seja em ministérios, em faculdades, em firmas, até em hospitais. O grande plano é, quanto muito, de quatro anos, o que explica a pequenez de pensamento e a falta de visão personalizada por uma ministra das finanças que trata a economia do país como se fosse uma dona de casa maníaca, que, munida com uma tesoura gigante, tenta transformar um lençol de cama de casal numa bata para uma boneca diminuta? Corta, corta, corta. O resultado disso tudo é o que se vê: desempregados à espera de emprego durante largos meses, não semanas, sem receberem um tostão do governo que elegeram para os proteger. Quão conveniente por isso que o país fale de pedófilos e não da economia, do emprego, da falta de poder de liderança deste "governo" PSD/PP, da ausência duma cariz democrático, ou social, ou popular, da ausência do contacto ou calor humano destes, que foram eleitos para proteger seus cidadãos.
O que fizeram? Absolutamente nada.
Lamentaram que o país era um caos, e calaram-se. Então, onde estão as políticas de salvação? Portugal está, e por muito tempo tem sido, liderado por uma argamassa de cinzentos incompetentes que venderam os interesses do país irresponsável e negligentemente para fora. Portugal precisa de quem tenha o brio e a chama suficiente para incendiar a paixão do povo deste país lindo, desta pérola do Atlântico, de ajudá-lo a ir ao encontro dos seus sonhos, acreditar em si, redescobrir as suas consideráveis qualidades e colocar Portugal num lugar de destaque entre a comunidade internacional.

O leitor pode apontar quem tenha feito isso nos últimos anos? O José Barroso está a fazê-lo? Caso contrário, se não descobrir, e rapidamente, quem for competente para governar este país, os projectos audazes e brilhantes, que vão de mãos dadas com o espírito e a alma portuguesa, como por exemplo a EXPO 98 e a EURO 2004, ambos com uma gestão excelente e uma preparação de que poucos países se poderiam gabar, perder-se-ão no mar de lamúria que assola Portugal. Francamente, a paciência dos que tanto lutaram para fazer qualquer coisa deste rectângulo atlântico, começa a esgotar-se.
Já que gostam de dizer que quem não está bem deve mudar-se, começa a ser uma excelente ideia.
Timothy BANCROFT-HINCHEY Director e Chefe de Redacção PRAVDA.Ru Versão portuguesa
Texto recebido por e-mail
Continuará ou não actual?
Obrigado a quem o enviou,pessoa devidamente identificada!

Sunday, October 01, 2006

70º Aniversário da Ordem dos Engenheiros


A Ordem dos engenheiros comemora o seu 70º aniversário, com a apresentação ao Governo de 12 recomendações, para evitar derrapagens financeiras e de tempo, nas obras públicas.

Será que nos Governos anteriores, assim como no actual, não o sabem? Nas conversas de bancada (café), o que não faltam é histórias às vezes contadas na primeira pessoa, sobre o "modus operandis", que já é muito conhecido ao ponto do cidadão comum, não se espantar! Orçamentam-se obras por baixo, até mesmo valores inferiores aos custos, visando ganhar a adjudicação da empreitada, os ganhos virão a seguir nas correcções ao projecto, serviços extras não previstos. Os lucros, os verdadeiros e chorudos mesmo, vêm destas correcções pós projecto!

Ora, sendo do domínio público, aínda que não confessado, pelos nossos responsáveis políticos. Como se compreende, que sábios Doutores, pagos pelo erário público que até fizeram juramento de bem servir Portugal e os portugueses, não o saibam?

Será caso para umas pertinentes questões! Quantos e que interesses estão por detrás das derrapagens? Quem beneficia com o facto? Será que o sistema estatal, os processos de organização e gestão pecam por deficiência? Porque é que há tantos anos a derrapar milhões de milhões de euros (antes escudos), e pelas cadeiras do poder já passou tanta gente e nada fez, para corrigir a situação?

Será, que agora que a Ordem dos Engenheiros se sente dorida, e vai abrir os olhos aos nossos governantes e aínda por cima lhes indica a o remédio para o mal, vamos finalmente entrar nos eixos? Esperemos que sim, mas não se esqueçam de alterar também a lei de forma a que se possam pedir contas por má gestão aos maus governantes e maus gestores do serviço público, é que para os gestores privados já temos!

Em relação às derrapagens, é tempo de tornar a política séria e honesta, a bem do país. É tempo de acabar com interesses privados e particulares, que desbaratam em seu próprio proveito as finanças públicas.

Defendo o apuramento de responsabilidades e a atribuição de cargos públicos e de Governo, a gente séria (nem todos estão no mesmo saco, como é óbvio), mas por mérito reconhecido e não por apadrinhamentos e por compromisso com "boys e girls".

Imaginem se no privado acontecessem as famigeradas derrapagens... estariam todas na falência, porque não têm como ir ao bolso dos contribuintes!

Segundo o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo em entrevista à VISÃO - "os desvios podem ser evitados logo a partir da fase inicial, com uma melhor definição, em projecto, da obra que se pretende adjudicar".Não se descobriu agora o ovo de colombo! É dos livros, e do exercício da gestão e é tão evidente, que sinceramente o sr. Eng. Fernando Santo, dá uma aula gratuita aos senhores detentores do poder político!

Aínda segundo o bastonário - "os desvios de prazos e de preços, nas obras. Será uma fatalidade? Um furacão é uma fatalidade, não se pode evitá-lo. Um sismo também. Nas obras públicas, parece que passou a ser uma fatalidade. O que deixa mal vistos, os engenheiros, enquanto classe profissional, quando, se calhar, são os que têm menos responsabilidade", -" a desorganização do modelo do Estado e a desvalorização das competências técnicas. Não há uma carreira de engenharia no Estado, nem há obrigatoriedade da intervenção de engenheiros na maior parte dos actos públicos, desde o projecto à fiscalização".

O cerne da questão é mesmo este, no ínicio de uma obra pública percebe-se logo, que falta isto, ou aquilo, mas como abrir novo concurso público, implica logo mais uns quantos meses de espera no arranque da obra... anda-se assim... O Tribunal de Contas há-de classificar como trabalhos suplementares. Será esta atitude condizente com o que se deveria esperar de um governante? Não é de todo! Há efectivamente uma urgente necessidade de rever, todos estes procedimentos, que só prejudicam o país em favor dos amigos, clietelismos e facilitador de corrupção.

Só alterando o que está mal, numa política de melhoria contínua ( não se aplica no Estado, mas podem pensar em implementar, e este é um conselho meu) às formas de gestão dos dinheiros públicos e aos procedimentos estabelecidos poderemos acreditar, que um dia o Povo deixe de apertar o cinto, é que já não temos mais furos para fazer. É que aínda por cima o apertar do cinto toca sempre aos mesmos... eu se ganhasse o que ganha um político, para bem da nação, não me importaria de estar a legislatura sem ser aumentado... teria muitos furos aínda no cinto, o Povo é que já não tem... que grandes desigualdades e injustiças sociais se promovem meus senhores! Tudo por anos, e anos de má gestão, dos sucessivos Governos e imcompetência de governantes!

Passem os olhos num Dec-Lei de 1948, que diz que não podem ser lançadas obras a concurso público superiores a 100 Mil contos, senão tiverem sido sujeitas a revisão de projecto... nem tudo era mau no antigamente... na referida lei, supervisionava-se antes, uma lição para a Democracia!